terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

o estandarte do sanátorio geral vai passar

Estamos em uma bolha... Estamos pedindo socorro e ninguém nunca vai nos ajudar, ninguém vai perceber que precisamos de ajuda, pois todos precisam também, todos precisam se matar! Depois dessa declaração entregaram-nos panfletos com tudo explicadinho e mesmo assim fingimos não entender, fingimos que tudo é só um filme, é mais fácil, contracenar é bem mais fácil do que... Tudo fica extremamente embaralhado, não conseguimos, mas entender quem somos nós, onde estamos afinal... ”Oh minha querida, bem vinda a dogville...”. Mas são conclusões gastas, conclusões que todos já pensamos um dia, que nos martelou e quebrou nossos miolos que ficaram espatifados no chão da sala do lado da mobília nova da nossa vovó. Engraçado que só conseguimos reconhecer quem somos quando percebemos os substantivos que andam ao nosso lado a todo momento, eles gritam para quem quiser ouvir e nos deixam até envergonhados, “ oh, não claro que eu não sou egoísta , sou verdadeiramente altruísta e me preocupo com os direitos do mais velhos...”. Vivemos em um sistema que já começa meio estranho, nos decepcionamos e sentimos a estupidez em coisas que não são necessárias, e quando elas aparecem de verdade achamos graça porque foi a piada mais engraçada, nos expomos a "out control", e depois vamos reclamar de problemas institucionais, instituições que nunca funcionaram, nunca tiveram nada em que se apoiar...”Alguma coisa está fora da ordem, fora da nova ordem mundial...” Imagino isso tudo como um grande samba, um samba lindo embalando o vÔmito, que sai de todos, então cuspimos as palavras: “tristeza não tem fim, felicidade sim...”. Na quarta feira vai estar tudo no chão, vamos engolir nossos vômitos e fingir que conseguimos ter conversas civilizadas, é pensar de maneira civilizada e então talvez a vontade de matar passe, de gritar, explodir... Mas o problema é que a quarta feira nunca chega, ela nunca vêm de fato, estamos todos enganados, e até quando enganados? A verdade é que estamos por um fio e não podemos evitar tropeçar e cair! A verdade é que já estamos lá em baixo, estou lá acenando para todos... Vocês conseguem me ver? Ou estão lá também?
Menina, amanhã de manhã quando a gente acordar quero te dizer que a felicidade vai desabar sobre os homens. Na hora ninguém escapa debaixo da cama ninguém se esconde, a felicidade vai desabar sobre os homens. Menina, ela mete medo, menina, tome cuidado...!

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Bonito! É o que consegue sair dos meus pensamentos depois de ver a expiração do Woody Allen e de qualquer um que queira fazer um humor um tanto quanto inteligente e acima de tudo apaixonado. Uma aula de amor ao cinema e a como fazer, que encontramos em um italiano nato, com suas pieguices e concomitantemente, mesmo parecendo estranho, novo e ultra vanguardista, Ettore Scola faz a homenagem bonita, sentida e engraçada... Um filme que eu deveria ver pra vida toda e mais um pouco, para sentirmos o quanto vamos deixar de nos amar qualquer dia desses da vida, “nós que nos amávamos tanto”, vamos falar ao deitar e lembrar-nos-emos da paixão. Nessa minha semana de reformas além de gritar em italiano, vi o Bukowisk misturado com Rubem Fonseca e um tanto quanto de irmãos Coen e tudo com um noir despretensioso. Mutarelli! Aquele grande homem que não precisou de nem um fink e nos narrou do jeitinho que Ionesco o ensinou, mostrou o seu Jesus do auge de sua inteligência e sua paixão, Jesus criança, Jesus kid! Soltou-me uma baforada de canabis na cara e me fez entrar em outro universo que eu não conhecia e que ele ainda não tinha aberto as portas, foi o velho safado, o velho niilista de sempre, mas teve um grito de futilidade e de simplicidade que ficou escondido, como a roupa do rei, e me mostrou quando pensava que dele só podia enxergar trevas. Sei que preciso ler Camus (sem pronuncias) e me maravilhar com a sua narrativa e com seu teor filosófico que fica bem anunciado, sei que estou em outra pessoa enquanto leio “a morte feliz” de Camus , quando vivo o que Mersault me narra. O que Glauber me mostra o seu grande santo guerreiro, e sei que essa sua magnífica estrutura, sua seriedade lúdica critica e nova... Sua grandeza e seu nouvelle me fazem enriquecer. Mas depois de toda essa cachoeira, preciso do Jesus, Jesus kid me salva das garras da confusão e da seriedade e me mostra a sutileza do Mutarelli sua simplicidade que me impressiona. Tudo isso me faz entrar em túnel colorido onde toca “o mistério do planeta” com os seus novos baianos interpretes, onde consigo enxergar minha viagem lisérgica e começo a dançar, a menina dança, a menina dança cantando italiano, e tudo isso me leva para um quarto e olhando para as onde existem frases de biscoitinhos da sorte que dizem: “Besta é tu, besta é tu, de não viver nesse mundo, se não há outro mundo, porque não viver, e pra ter outro mundo é necessário viver!”