segunda-feira, 30 de março de 2009

Eu quero um mundo caradecu

Embrenhei-me em poços nunca dantes navegados, viajei durante todas essas semanas por um universo mítico que antes eu não entendia e só escutava, um universo seqüencial religioso que me pegou como um lutador de kung fu, como as mulheres lutadoras que usavam a maior técnica para derrubar seu oponente como se não houvesse oponente. Toda essa loucura se apresentou para mim apenas assim: “Preacher foi uma série regular de histórias em quadrinhos publicada pelo selo Vertigo da DC Comics. Escrita por Garth Ennis e desenhada por Steve Dillon, Preacher foi revolucionária no que diz respeito aos valores de seus protagonistas mesmo em comparação a outros quadrinhos para leitores maduros.” Depois como alice comecei a seguir o coelho certo, e então de novo um soco, depois do primeiro arco tudo foi fazendo sentindo. Minha historia policial que era vivida incansavelmente em madrugadas, um verdadeiro road movie, em que o universo mitico se apresentava na figura de um vampiro, um pastor e sua mulher, historias de amor, amizade e justiça...”HAHAHAHa minha amiga é ai que você se engana.” Riu de mim Ennis. Como pude pensar que seria só isso, em uma historia em que um vampiro é alcooatra, jesse custer nosso pregador procura deus afim de saber qual era na verdade o seu grande plano em fugir do céu e ainda provocar uma rebelião entre anjos e uma mulher linda que o ama até o fim do mundo e que o segura até lá também. Fazendo tudo isso com uma perfeição estilistica que fica entre allan moore e frank miller, sabendo onde pisar e sendo enxuto em toda a vontade de endoidar para se fazer entender, para mostrar o que queria mostrar, porque quando entras na porta, depois de ter comido o cogumelo enfeitiçado por Garth tens certeza que não é apenas uma obra de arte sequencial ou apenas uma historia de quadrinhos, sabes o que ele quer dizer, sabes que não é puro enfeite e que tudo tem um proposito e um lugar muito bem escolhido. Do road movie ele guarda a procura de satisfação pessoal e a narração de uma das historias principais que é de um individuo em formação, que poderia ter todo o tempo do mundo para aprender, mas, nunca tentou. Então ouvindo “missas” que o ensinam a amar,consegue sair da tragédia de ser apenas um vampiro sem formato, para conseguir morrer como um amigo. Enquanto pensas de novo que tudo está pré estabelecido, e que já temos um herói, estamos vivendo um épico, acontece a morte do mito e a mudança de visão. Daí percebemos a fragilidade de um mortal, de quanto somos pouquinho e de quanto demora para entendermos isso.
Em uma outra conversa em uma praça, ou em qualquer outro lugar, chegamos a conclusão que na verdade é uma ode a toda a fé que esse cara pode demonstrar por alguma coisa ou até por si mesmo, o que é uma virtude comparando com os presentes fatos da humanidade. E faz isso em um quadrinho revolucionário (Como está escrito naquele site de informações onde todo mundo dá piteco). Encontrei o que eu era e tudo que eu sempre estive entalada pra gritar, mas tinha medo de parecer clihê, e então meus antidogmas, minha raiva contra esses sistemas de opressão que nos faz confessar tudo o que eles nunca irão, meu inconformismo contra porta vozes do céu e sua gangue, minha falta de batismo e minha “paganidade” agradeceram imensamente a essa incrivel obra louca, linda, estupida, grossa, forte e extremamente inteligente que fez a minha cabeça durante e continua fazendo depois e depois.

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