quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Os clássicos contemporâneos parte 1*

“Qual é a cara do quadrinho brasileiro?”. Rafael grampá se pergunta em alguma entrevista de fácil acesso na internet. Uma duvida para um cara virou na contemporaneidade um dos maiores quadrinhistas do Brasil. “Death proof” de Quentin Tarantino , o topete de Elvis, a propaganda americana da década de 30, com crianças cabeçudas e coca-colas aparecendo como mensagens subliminares na tela, a decupagem a lá western spaghetti misturada com o sangue, a brutalidade e incrível magia de Takashi Miike, tudo misturado criando uma atmosfera estranha e despretensiosa. “Mesmo delivery” teve seu autor premiado com o prêmio Will Eisner, um dos maiores, se não, o maior premiação de quadrinho, o que foi incrivelmente merecido. Sentes a genialidade na despretensão fazendo assim uma das maiores obras primas da HQ brasileira, chegando para mim aos pés de Lourenço Mutarelli, Léo( Aldebaran), etc. Ele consegue mesclar toda a minha vontade de ser cruel, mostra isso em uma construção “quadrinhesca” que me deixou boquiaberta, o seu futurismo clássico nos coloca em um “de volta para o passado”, com toda aquela linda sujeira country estadounidense dentro de um road movie trash!!!! Para baixar ( Mas,comprar,pegar,ter deve ser sensacional!!) http://rapidshare.com/files/191618083/Mesmo_delivery_gibiscuitsBR.rar * Parte 1, mas sem compromissos futuros...ha!

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

uhuul sopranos

A adoração por “bons companheiros” e “poderoso chefão”, abre a série que ainda não mostra tudo que sei que tem. Preocupa-se com a familiarização, começas a sentir aquilo tudo dividido em partes, cada personagem teu seu espaço. Mistura-se Al Pacino, Scorsese, Coppola, Robert de Niro com Freud, Young e os behavioristas fazendo assim a melhor série de todos os tempos The Sopranos! Vendo tudo isso, percebo que metade de mim conhece muito bem a Itália e que na verdade meu desejo secreto e ser a chefe da máfia siciliana. Copolla e Scorsese se fizeram presentes com suas técnicas que ficaram evidentes na grande criação de David Chase, mas não exageradamente.O grande choque acontece quando, a mama não sai da porta oferecendo comida e mais comida, na verdade “Ma” nem tem essa intenção prefere ser arrogante e mesquinha, veio da Itália, mas prefere não estar ao redor da máfia e sim se inserir de maneira sutil e perversa. Continuamos a construir uma ligação com aquela família que na verdade não é “a” família e sim “as”. Tony Soprano divide-se entre esposa e os filhos onde se mostra antiquado e moralista seguindo as normas daquela sociedade masculina italiana, e em sua segunda família é um líder avançado e eficiente, vanguardista eu diria, não respeitando a risca as regras do seu, nosso, godfather Don Corleone. A Itália aparece com algum prêmio valioso, onde se consegue todas as forças, de onde a espada poderosa da máfia se deposita e só os abençoados podem ir ver. Mais do que apenas uma mise-en-scene, depois de 54 minutos convivendo com tudo isso é como se não soubesse como é viver aqui, no mundo real, agora estou andando por New Jersey... Nós nos pegamos torcendo por um chefe da máfia, assassino, psicopata. Percebemos que não é sobre isso que se trata a série, consegue-se fazer o que Hitchcock e Patrícia Higsmith faziam à humanização do vilão a transformação gradativa em herói, tratando assim de homem no coletivo, se comparando assim com Shakespeare. Torna-se mais do que apenas uma série de máfia, se torna a captação da essência da família americana com uma sutileza inescrupulosa, que me faz vibrar! A coragem de gritar tudo sem nenhum pudor e acima de tudo muito bem feito. O que consigo sentir na série e pensar sobre ela continua nas minhas entranhas pra todo sempre e a única sugestão é: VEJAM!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

um monte de besteira.

E ouvindo um samba... Aquela anciosidade foi deixada de lado, ou não, ainda não sabia ao certo. Suas costas pareciam de elefante e como no filme era abandonado em um quarto como um doente terminal. Seus olhos lacrimejavam toda vez que escutava uma melodia “Angelical” como dizia com seu ar brega chique vestido de terninho com uma pasta colorida de layout inovador. Sua mente parava quando sentia muito calor, e então no meio da avenida se despia e saia desfilando, digno de Kate Moss com pêlos. Ele amanhecia e ainda com remela verde nos olhos, pulava da janela do quarto andar em cima de uma nuvem velha e esburacada que o levava em um mundo de luz e sombra e ele percebia que era o único lugar que conseguia espreguiçar as pernas, estava perdido, e sabia que aquele outro lugar tinha diminuído de tamanho e com sua grande cabeça e ombros largos não conseguia mais entrar, sentia frio longe da nuvem. Uma infusão de idéias e ervas lhe ocorria em alguns momentos, parecia que tinha tomado uma coisa tão forte que só conseguia se balançar e balançar, seus neurônios estavam explodindo, não queria esquecer mais já estava tão longe, e então suas pernas paralisadas iam sempre pro lado contrario, uma rua com uma grande parede no final, que nem com todos seus poderes místicos, era possível atravessar, nem se transformando em camaleão. “Talvez pelo um buraquinho, invadiu-me a casa, acordou-me na cama, tomou meu coração e sentou na minha mão...”. Estava em um carro com olhos fechados, muito vento passava e entrava nas suas orelhas internas, fazendo um barulinho esquisito que o fazia voltar praquela cena, naquele dia, mas era apenas espectador e se frustrava, queria mudar as linhas escritas do dia anterior, queria colorir mais aquela cena em preto e branco, queria tanta coisa o coitado. Ele gritava: ”A terra esta tão longe vamos fazer amor, vamos nos comer em cima da arvore, quero gozar na tua cara, quero sentir teu suor, e escorregar de algum lugar bem alto.” Mas, na verdade ele não falou, seu puritanismo fedia de um jeito estranho, fedia a ovo com coco, e acordava de tudo completamente assustado, dançando um bregoso em Icoaraci com uma mulata linda e bunduda que também era bondosa e o fazia chorar lambendo seus peitos e na sua meninice ele aceitava tudo de uma vez... Seu ar confuso barroco o perseguia e culpava sei lá quem, aos reis, ao inferno, ao papa... E acabava com tudo com sua cordinha pelo pescoço clichê.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Essa papo já tá qualquer coisa...

Ontem com sentimento de desconforto, utilizei de coisas para desanuviar e ficar com minha consciência um pouco diferente do normal... Senti necessidade de futilidades e toda feliz tomando banho, ainda pensando naquela música, fui achando uma saída. Vou ler aquela revista qualquer dessas que chega aqui em casa em domingos quentes as quais nunca me interessaram muito... Deitei na cama cantando com minha mãe uma canção que dizia:... “Virá que eu vi...” e fui me deitando no ritmo estranho que ela entra em mim, era como se eu tivesse em outra dimensão, uma viagem que envolvia putas e anões que se misturavam numa dança meio tântrica. Pensei que estava em um feudo medieval. Conhecia um jogador de basquete, meio fora de moda que tinha diminuído de tamanho de maneira impressionante e que não conseguia alcançar a prateleira de pratos... Ele dançava ska engraçado e tinha medo de aranhas e de escuro, era meio chocolate e sua casa era de palha como naquele joguinho de computador, cortava lenha e fazia poesias abstratas e pós- contemporâneas. Naquele feudo, também, de dentro da minha cabeça existia uma mulher que cantava como a Nina Simone e dançava como uma dama européia vinda da monarquia absolutista, uma divina dama francesa, suja com roupas rasgadas e que tocava flauta doce pra se distrair. Ela tinha uma canoinha onde levava amigos passando de vala em vala tocando tudo pra todos, tinha um senso de humor fantástico, conseguia enganar até o gato da Alice com suas peripécias, mas ela era a paixão, ela permanecia na cabeça do anão como se fosse chiclete. Aparecia nos seus sonhos como se fosse uma gata jazzista que estava sentada,com um vestido cortado na perna, em um piano, cantado:” I say hell. Man, woman were created; Hell!To live for eternity;Hell! With an apple they ate from the tree of hate;So you know darn well;That they went to hell…”. Ela sabia, cantava na frente de sua casa, porque ele dava as melhores gorjetas, mas não se empenhava em sentir o mesmo, zombava... Pensava que ele nunca conseguiria a satisfazer e também existia tanto negocio e tanto negociante que ela não deveria perder tempo com um reles anão jogador de basquete. Ela preferia capoeira, ela não queria se acomodar queria ir pra lua, queria fuder na linha do equador queria ser vassala, queria fazer cantigas trovadorescas, queria vir para o futuro, e na minha mente eles dois pulsavam... Então comecei a ler a revista dita no começo desse infortúnio texto, e tinha um monte de besteiras:” Compre sapatos blábláblá”;”Cartão tal com benefícios tal...”;”Você quer emagrecer, então... “AAAAAAAAAAAAAAAAAA. Voltei de novo a minha mente e comecei a ouvir um “quaaaa quaaa quaaa” aqueles efeitos de música, tipo um pato... E as coisas foram voltando de novo de dentro de uma nuvem escura e de repente eles estavam dançando na praça principal da aldeia medieval da minha cabeça. Eles dançavam um musica calminha, meio de ninar e ela dizia:” Vamos morrer.”; ele dizia:”Que bom.”. E repetiam, repetiam, repetiam... As coisas na minha cabeça começaram a girar a girar a girar, me segurei na primeira arvore que encontrei, aquela arvore que tinha galhos saindo da minha cabeça e de cima dela como escorregabunda cai bem em cima daquilo tudo de novo. Eles me puxaram pra roda, dançamos a noite toda e dormi sonhando com o anão e a puta, sonhando com um ménage em uma praia, consegui entender tudo depois da primeira xícara de café e então senti saudades...

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

a tragédia judaica!

“O Processo” obra de kafka, convertida em cinema por ninguém menos que Orson Welles. Obra prima, obra prima obra primaaaaaaaa... A claustrofobia angustiante se misturando com a megalomania de Welles, como se te levassem em uma carruagem surrealista feita de luz e sombra,com incríveis travellings,planos e contra planos assustadores, o motorista, como em a dama de Xangai, é o próprio Orson,e só consegues achar tudo fantástico. A profundidade e a crueldade que se descreve coisas improváveis mostra o simbolismo alegórico bem característico de Kafka, não se perdendo nada na adaptação com a utilização da fotografia impressionantemente obscura. Pode ser uma grande audácia, mas que se não tivesse existido eu e nenhum de nós meros mortais teria visto a obra máxima de Orson Welles, posso me contrariar depois, mas, nesse momento é só o que consigo pensar. Os supercloses me lembraram demais Dreyer trazendo a tristeza intimista pra lugares dentro de ti onde tu não enxergas. A incrível critica ao nosso antigo carma de ratos de laboratório, de experiência cientificas jurídicas, românticas, nos vemos em salões como aqueles. Perdemos-nos em labirintos sócias e civis, e no final a conclusão é que estamos sem sombra de duvidas todos na casa verde, como algumas vezes eu já comentei aqui, e o mais incrível que o real, o não surreal, é mais absurdo e mais amedrontador.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

"Toda palavra é como uma mácula desnecessária no silêncio e no nada."

Depois de um tempo no mercado negro, voltei e abri, o que logo de cara não me parecia assim grande coisa, me vesti de rato ou de gato ou até cachorro ou porco e consegui entender a obra prima que estava na minha frente, escancarada, me deixando muda. Spiegelman vomitou o seu “Maus”, com tudo que foi despejado nele por anos, e pela primeira vez em um quadrinho me senti como o seu escritor, somos espectadores assim como ele, estamos vendo tudo de cima, mas com toda a angustia e culpa que não aparece assim tão fácil em outros contos autobiográficos, e que só pode ser comparado a um Eisner em seu “Contrato com Deus”. A sua critica política é pelo simples fato de estar dentro daquilo tudo de alguma forma, e a faz com a sutileza budista dos monges da Somália( onde provavelmente não tem monges), usando o silêncio e os sentidos visuais para fazer a grande pergunta mais famosa pós II guerra mundial: “Somos realmente todos humanos?”. Quem são as vitimas? O que elas sentiam? A verdade é que todos sentimos o mesmo, todos poderíamos ter sido soldados alemães matando judeus em campos de concentração, o que nos fez não fazer isso? Judeus compartilhando do mesmo racismo daqueles que os dizimaram, essa discussão acaba sendo de tão clichê a mais vanguardista possível. Parece teatro do absurdo, não consegues entender o que é de verdade naquilo tudo, a cada capitulo o sentimento de impotência te domina, o jogo com teus defeitos te assusta e a admiração pela arte seqüencial te arremata como um bode. Acabo em um sonho feito de luz e sombra onde vejo todos dançando, como um musical de pouca qualidade, cantando “Ce plane pour moi” do sonic youth, se matando como se tudo aquilo fosse o mais natural possível e fizessem isso rindo, ficando satisfeitos e felizes como se comessem chocolates.

terça-feira, 19 de maio de 2009

a incrivel jornada tarantinesca

Fiquei definitivamente excitada ao ver o que pra mim se tornou a obra de arte disfarçada de filme B. Tarantino não faz homenagem estranha e desnecessária ao cinema grindhouse, como todos falam, fez sim um filme incrível, indefinível e brilhante! Que direção! Mostrou-nos um filme aparentemente sem gênero, mas com a sensação de ter todos embutidos, ele foi punk rock, enquanto todos querem do cinema só chopin, estes clássicosque me fazem gritar de emoção como também aconteceu depois dessa obra de arte tarantinesca que acabo de assistir. Tu entras no “slash” (Halloween-carpenter), e depois já estas em “ Vanishing point” com o Road movie sendo representado com toda a adrenalina não esperada. Subestimem quanto puderem a força desse diretor que mesmo sem ser obvio se faz entender, pois para mim é ele a famosa roupa do rei. A coragem que ele nos mostra, aparece a partir do pé que não são peitinhos como diria uma personalidade conhecida minha.Ele faz filme pra quem sente tesão pelo que joga incansavelmente na cara das pessoas, e elas nem se dão o trabalho de limpar, esta lá vergonhosamente “ na cara”, pra quem passar na rua vê. Parece que pode ser compartilhado com poucos e isso é estranho, me deixa uma sensação de falta de proveito. O filme espirra tripas, de um animal inexplicado pela ciência oculta dos apreciadores da metafísica que é o CINEMA, não, não é gestalt meus caros amigos, isso é apenas cinema, vindo diretamente de Quentin Tarantino e seu magnífico Death proof.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Nesse tempo estando “louca” por ai, descobri algumas coisas... Aldous Huxley com seu admirável mundo novo fez a critica mais criativa que, descontando minha ignorância, seus contemporâneos da década de 30/40 se esforçaram, mas não foi mais que pura politica. Sim ele foi clichê com o seu cientificismo, mas mostrou a tesão que tinha por aquilo tudo, como em uma moeda de ouro de piratas, ele fez sua brincadeirinha de cara e coroa com todos que estavam e estão lendo, de um lado tinha o seu ódio incrível e sua revolta com qualquer regime que implantasse gostos, que nos mostrasse os hábitos e fingisse que podia ser algo que chamamos de deus. Do outro lado foi o grito de revolta contra o medo de implantação de tecnologias e o exagero daquela nova “loucura”. Uma guerra interna de Huxley sobre a excessiva e a completa falta de ordem, suas ambigüidades sócias retratadas numa fabula cientifica em que a sociedade era dividida em castas e a completa falta de opinião imperava por conta de um sistema metódico de ensino onde foi posto o nome de “lições hipnopedicas”, com a droga futurista inventada por Huxley não havia espaço para questionamentos ou dúvidas, nem para os conflitos, pois até os desejos e ansiedades eram controlados quimicamente. Existia apenas a felicidade hitleriana onde tudo era graças ao grande “deus” Ford. O medo do futuro sendo visto de uma época onde o nazismo matava milhões e usava do maior trunfo que poderia existir, a publicidade, com a ignorância e com o controle em série de pessoas como John Ford fazia em suas fabricas. É aceitável o discutir sobre a o futuro tendo em vista o futuro que tinha Aldous. Mas, ao mesmo tempo imagino uma mulher em um pub inglês em 2009 ouvindo uma musica alta, eletropunk parecendo com vive La fete, pensando o que seria de verdade a música sintética e a partir daí imaginar o admirável mundo novo. Essa mulher beberia vodka até cair por pavor da sociedade homogênea e não vivípara que poderíamos virar, onde na verdade o controle seria a palavra principal, não saberíamos sentimentos, sem dor. E se no final isso realmente acontecer, teremos a esperança de ainda sentir alguma coisa, pelo menos uma espetada e ver um salvador do passado que chegará no seu cavalo branco ou em seu carro nouvelle vague fumando um cigarro, como aconteceu com Anna Karina em alphaville.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Eu quero um mundo caradecu

Embrenhei-me em poços nunca dantes navegados, viajei durante todas essas semanas por um universo mítico que antes eu não entendia e só escutava, um universo seqüencial religioso que me pegou como um lutador de kung fu, como as mulheres lutadoras que usavam a maior técnica para derrubar seu oponente como se não houvesse oponente. Toda essa loucura se apresentou para mim apenas assim: “Preacher foi uma série regular de histórias em quadrinhos publicada pelo selo Vertigo da DC Comics. Escrita por Garth Ennis e desenhada por Steve Dillon, Preacher foi revolucionária no que diz respeito aos valores de seus protagonistas mesmo em comparação a outros quadrinhos para leitores maduros.” Depois como alice comecei a seguir o coelho certo, e então de novo um soco, depois do primeiro arco tudo foi fazendo sentindo. Minha historia policial que era vivida incansavelmente em madrugadas, um verdadeiro road movie, em que o universo mitico se apresentava na figura de um vampiro, um pastor e sua mulher, historias de amor, amizade e justiça...”HAHAHAHa minha amiga é ai que você se engana.” Riu de mim Ennis. Como pude pensar que seria só isso, em uma historia em que um vampiro é alcooatra, jesse custer nosso pregador procura deus afim de saber qual era na verdade o seu grande plano em fugir do céu e ainda provocar uma rebelião entre anjos e uma mulher linda que o ama até o fim do mundo e que o segura até lá também. Fazendo tudo isso com uma perfeição estilistica que fica entre allan moore e frank miller, sabendo onde pisar e sendo enxuto em toda a vontade de endoidar para se fazer entender, para mostrar o que queria mostrar, porque quando entras na porta, depois de ter comido o cogumelo enfeitiçado por Garth tens certeza que não é apenas uma obra de arte sequencial ou apenas uma historia de quadrinhos, sabes o que ele quer dizer, sabes que não é puro enfeite e que tudo tem um proposito e um lugar muito bem escolhido. Do road movie ele guarda a procura de satisfação pessoal e a narração de uma das historias principais que é de um individuo em formação, que poderia ter todo o tempo do mundo para aprender, mas, nunca tentou. Então ouvindo “missas” que o ensinam a amar,consegue sair da tragédia de ser apenas um vampiro sem formato, para conseguir morrer como um amigo. Enquanto pensas de novo que tudo está pré estabelecido, e que já temos um herói, estamos vivendo um épico, acontece a morte do mito e a mudança de visão. Daí percebemos a fragilidade de um mortal, de quanto somos pouquinho e de quanto demora para entendermos isso.
Em uma outra conversa em uma praça, ou em qualquer outro lugar, chegamos a conclusão que na verdade é uma ode a toda a fé que esse cara pode demonstrar por alguma coisa ou até por si mesmo, o que é uma virtude comparando com os presentes fatos da humanidade. E faz isso em um quadrinho revolucionário (Como está escrito naquele site de informações onde todo mundo dá piteco). Encontrei o que eu era e tudo que eu sempre estive entalada pra gritar, mas tinha medo de parecer clihê, e então meus antidogmas, minha raiva contra esses sistemas de opressão que nos faz confessar tudo o que eles nunca irão, meu inconformismo contra porta vozes do céu e sua gangue, minha falta de batismo e minha “paganidade” agradeceram imensamente a essa incrivel obra louca, linda, estupida, grossa, forte e extremamente inteligente que fez a minha cabeça durante e continua fazendo depois e depois.

domingo, 15 de março de 2009

oh darling plese belive me

Jonh Ford! Não se engane (na verdade nem sei se isso é realmente possível) não é Foucault, nem Kant, muito menos deveríamos tocar em qualquer coisa envolvendo estruturalismo ou questões antropológicas. Sim isso é válido, sim isso é possível, conseguir ler uma obra em qualquer perspectiva não é nada que nunca ninguém tenha feito e o cinema ao meu ver incluindo-se como arte,claro,pode ser discutido “lologicamente”. Mas, para falar de John Ford e não gritar à linguagem cinematográfica,e não senti pictoricamente o que nenhuma lauda extensa vai poder passar e inimaginavel. Acho que nem vou conseguir passar o que senti, a imagem, “monument valley”, John Wayne sendo focado por um zoom inexplicável, em uma diligencia ou entrando por uma porta onde a iluminação mostra que ele está na verdade entrando em um portal ou algo parecido. Não me importa naquele momento o quão foi difícil para ele fazer os travellings históricos ou como usou os cavalos na cena ou como os atores foram treinados... É como se estivesses no Texas sentado com a calça jeans mais apertada ouvindo tudo, ouvindo o Genesis, ouvindo John Wayne narrar sua saga, sua badtrip, e sabendo que mesmo que não saiba qual é a teoria e nem saiba distinguir tipos sociais, sente o que é necessário sentir, o que é necessário mostrar de toda a narrativa, entender nossas cápsulas sócias sem frescura,com areia, fumando um Malborro ouvindo bem ao fundo um western falando de amor. Quem são os novos, são John Ford do futuro e isso o torna a prova de qualquer conclusão enfadonha que diria que seu trabalho e chato, antigo e pedante... Então lembro daquilo que um dia uma ultrapopband escreveu: “...but all this friends and lovers.Theres is no one compares with you and these memories lose the meaning. When i think of Love as something new...”. Me sinto no meio disso tudo, como se eu a qualquer momento pudesse pegar um riflle e matar todos os índios que me infernizam sem me importar que é o mocinho ou o bandido, este incrível senhor me ensinou a completa falta de maniqueísmo, como pode existir um racismo onde até o próprio pele branca mata familiares por honra, idiossincrasias que não vejo e nem sinto que John Ford procura ou quer tratar mas, acaba tratando. Wayne me mostrou na tela do cinema, como fez com Jesse custer, a minha própria maneira de eliminar os comanches que me tiraram algumas vontades e certezas, me fez entender o aspecto sociológico e filosófico de tudo sendo simples, simples como o pregador e então começar a ensiná-los a dançar comigo sem importunações de ambos os lados... Sim! Agora queria estar em “monument valley”, com uma revista em quadrinhos, percebendo que no momento John se tornou meu amigo imaginário assim como o Wayne do excelentíssimo reverendo.

domingo, 8 de março de 2009

Me chamam-me de desaparecido! Levei um chute na cara... Minhas bochechas antes rosadas, agora de um roxo assustador, meu olho continua bem inchado e vermelho, não sei se vai passar tão cedo. Fassbinder me jogou da escada e me deixou paralitica, fez com que toda a explosão de meus hormônios acontecesse naquele momento, naquele sofá. Um grito de sufoco que uniu tanto sentimento que sei que nunca vou entender aquela noite funesta que era o clímax de uma sexta feira longa. Martha se apresentou com a câmara mais louca e dançarina que já vi... Ela dança um bolero, quase um xote, tem cinturas, ginga, é linda. Faz tudo parecer suave quando na verdade é tudo completamente o inverso, faz parecer palatável enquanto tudo é indigesto e que sabemos que no final vamos vomitar. Assisti do lado de vários zumbis que perseguiam meus pensamentos, que traziam tristezas, que me arrancavam órgãos, que me comiam as coxas, mas deixavam meus olhos para que ao final de tudo eu soubesse me reconstitui. Não foi uma tarefa fácil, foi até mais difícil do que o imaginado... Consegui me montar, colar, pelo menos estou fazendo, fazendo porque quando se cai de tão alto e se é jogado por um alemão, temos que por orgulho ou por costume nos reerguer depressa e demonstrar hombridade e respeito. Heil Hitler! Martha oh Martha lute comigo contra pseudoherois, contra letrados desinteligentes, contra comentários desnecessários, contra incertezas e certezas demais... Um dia um velho rapaz me contou que os com tantas certezas seriam os mais ignorantes, acredito nele, pelo menos acho que sim... Tchau phds!!! Primeira lição: deixar de ser pobre que é muito feio, andar alinhado e ao freqüentar assim qualquer meio! Vamos fazer a ode aos pobres, doentes, paralíticos, vamos fazer a ode aos sem saber, aos que não vão fazer, aos que não tem aula, aos que precisam gritar e sabem porque, porque não sou alemã, nãooo...Sabe porque, porque Cleópatra era feia, sabe porque, porque é tudo ao contrário! É tudo made made made madeee braziiil

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

o estandarte do sanátorio geral vai passar

Estamos em uma bolha... Estamos pedindo socorro e ninguém nunca vai nos ajudar, ninguém vai perceber que precisamos de ajuda, pois todos precisam também, todos precisam se matar! Depois dessa declaração entregaram-nos panfletos com tudo explicadinho e mesmo assim fingimos não entender, fingimos que tudo é só um filme, é mais fácil, contracenar é bem mais fácil do que... Tudo fica extremamente embaralhado, não conseguimos, mas entender quem somos nós, onde estamos afinal... ”Oh minha querida, bem vinda a dogville...”. Mas são conclusões gastas, conclusões que todos já pensamos um dia, que nos martelou e quebrou nossos miolos que ficaram espatifados no chão da sala do lado da mobília nova da nossa vovó. Engraçado que só conseguimos reconhecer quem somos quando percebemos os substantivos que andam ao nosso lado a todo momento, eles gritam para quem quiser ouvir e nos deixam até envergonhados, “ oh, não claro que eu não sou egoísta , sou verdadeiramente altruísta e me preocupo com os direitos do mais velhos...”. Vivemos em um sistema que já começa meio estranho, nos decepcionamos e sentimos a estupidez em coisas que não são necessárias, e quando elas aparecem de verdade achamos graça porque foi a piada mais engraçada, nos expomos a "out control", e depois vamos reclamar de problemas institucionais, instituições que nunca funcionaram, nunca tiveram nada em que se apoiar...”Alguma coisa está fora da ordem, fora da nova ordem mundial...” Imagino isso tudo como um grande samba, um samba lindo embalando o vÔmito, que sai de todos, então cuspimos as palavras: “tristeza não tem fim, felicidade sim...”. Na quarta feira vai estar tudo no chão, vamos engolir nossos vômitos e fingir que conseguimos ter conversas civilizadas, é pensar de maneira civilizada e então talvez a vontade de matar passe, de gritar, explodir... Mas o problema é que a quarta feira nunca chega, ela nunca vêm de fato, estamos todos enganados, e até quando enganados? A verdade é que estamos por um fio e não podemos evitar tropeçar e cair! A verdade é que já estamos lá em baixo, estou lá acenando para todos... Vocês conseguem me ver? Ou estão lá também?
Menina, amanhã de manhã quando a gente acordar quero te dizer que a felicidade vai desabar sobre os homens. Na hora ninguém escapa debaixo da cama ninguém se esconde, a felicidade vai desabar sobre os homens. Menina, ela mete medo, menina, tome cuidado...!

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Bonito! É o que consegue sair dos meus pensamentos depois de ver a expiração do Woody Allen e de qualquer um que queira fazer um humor um tanto quanto inteligente e acima de tudo apaixonado. Uma aula de amor ao cinema e a como fazer, que encontramos em um italiano nato, com suas pieguices e concomitantemente, mesmo parecendo estranho, novo e ultra vanguardista, Ettore Scola faz a homenagem bonita, sentida e engraçada... Um filme que eu deveria ver pra vida toda e mais um pouco, para sentirmos o quanto vamos deixar de nos amar qualquer dia desses da vida, “nós que nos amávamos tanto”, vamos falar ao deitar e lembrar-nos-emos da paixão. Nessa minha semana de reformas além de gritar em italiano, vi o Bukowisk misturado com Rubem Fonseca e um tanto quanto de irmãos Coen e tudo com um noir despretensioso. Mutarelli! Aquele grande homem que não precisou de nem um fink e nos narrou do jeitinho que Ionesco o ensinou, mostrou o seu Jesus do auge de sua inteligência e sua paixão, Jesus criança, Jesus kid! Soltou-me uma baforada de canabis na cara e me fez entrar em outro universo que eu não conhecia e que ele ainda não tinha aberto as portas, foi o velho safado, o velho niilista de sempre, mas teve um grito de futilidade e de simplicidade que ficou escondido, como a roupa do rei, e me mostrou quando pensava que dele só podia enxergar trevas. Sei que preciso ler Camus (sem pronuncias) e me maravilhar com a sua narrativa e com seu teor filosófico que fica bem anunciado, sei que estou em outra pessoa enquanto leio “a morte feliz” de Camus , quando vivo o que Mersault me narra. O que Glauber me mostra o seu grande santo guerreiro, e sei que essa sua magnífica estrutura, sua seriedade lúdica critica e nova... Sua grandeza e seu nouvelle me fazem enriquecer. Mas depois de toda essa cachoeira, preciso do Jesus, Jesus kid me salva das garras da confusão e da seriedade e me mostra a sutileza do Mutarelli sua simplicidade que me impressiona. Tudo isso me faz entrar em túnel colorido onde toca “o mistério do planeta” com os seus novos baianos interpretes, onde consigo enxergar minha viagem lisérgica e começo a dançar, a menina dança, a menina dança cantando italiano, e tudo isso me leva para um quarto e olhando para as onde existem frases de biscoitinhos da sorte que dizem: “Besta é tu, besta é tu, de não viver nesse mundo, se não há outro mundo, porque não viver, e pra ter outro mundo é necessário viver!”

sábado, 31 de janeiro de 2009

Vamos para o forum social mundial?

Vamos mudar o mundo! Vamos mudar o sistema opressor. Vamos ir contra preconceitos, xenofobismo, lideranças, poder. Vamos viver em mundo mais justo, mais seguro, mais limpo. Vamos deixar o “verde”. Vamos gritar por isso e quando todo mundo tiver acreditando, acordamos na nossa bacia de ilusões... O verde vai aparecer enrolado em um papel e depois de colocá-lo em algum lugar, vamos pensar que podemos que conseguimos só falar, que temos a senha. ABRACADABRA! Tudo sumiu, estamos em uma poça de lama, com mosquitos nos ouvidos, pensando que fracassamos, somos a desgraça do planeta, vamos pensar... “Minha mãe eu vou prá lua e seja o que deus quiser!”. João saiu correndo, ele quis buscar aquilo no fim de tudo, quis acreditar, João se enganou, João é um substantivo, João só vai ser sujeito quando dentro acontecer explosões, quando ele quiser mesmo fazer, quando quiser ser alguém por alguma coisa, alguém com limitações, alguém que saiba delas, que as entenda que chora, que suja, mas que entende os defeitos, matando-os, com a velocidade que conseguir, mas matando-os, com a faca que quiser, desfiando-os a pele, ou com vários tiros de uma espingarda do Texas, enforcados, sem ar... Mas matando-os. Pra que discutir amor e dor? Pra que comprovar? Mostre-me, conta-me, grita-me o que achas, em peça, em vídeo, em cinema, mostra pra mim! VAI JOÃO! Sei que não precisas, sei que vais saber o que já sabes seu caso não é de ver pra crer, ta na cara! Vamos continuar vendados? Vamos continuar não olhando para o que podemos fazer, o que podemos mudar, sem gritar, sem grandes mobilizações, que são válidas, por que precisamos, mas não funcionam se não tiver nada de muito útil para ser exibido, pode ser inteligente, ter concordância, mas na maioria não tem o que é necessário ter... Temos que nos ter, pensar em como agir, em como fazer, esse fazer por fazer, deixa um enjôo. Estar em um ritmo certo, temos que saber como Mozart, e só iremos se pararmos de gritar pra tudo, iniciaremos uma busca em uma caverna que tem a parede cheia de lama e o chão é assustador, parece que vai desabar a qualquer momento, vamos continuar andando porque lá dentro é frio precisamos sair, sentiremos fome, dor... E só sairemos de nós quando o chão tiver tijolos amarelos com árvores ao lado, com nuvinhas no céu, quando ouvirmos a valsa Vienense, e então só ai vamos continuar procurando o mágico, para desta vez encontrar cérebros para todos os amigos que estão andando conosco.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Ela não fuma mais

- Eu não agüento mais... Ouvia-se a sirene bem longe em um quarto escuro, só se conseguia ouvir a voz rouca e arrastada, repetindo sua ladainha. Com sua mão seguia a sombra do corpo, e seus pés, com aquele amontoado de sujeira, acompanhavam-nas em um balé misterioso e silencioso. Sombras feitas por um feixe de luz que atravessava a imensidão iluminada... A luz se sentia sozinha, ela que provinha de uma família de luzes neon, que costumam ocupar o espaço de diversão para adultos em frente. Unhas pintadas em um tom desconhecido, talvez vermelho, estava tudo muito sujo, negro! Sentíamos negro por todo canto e uma nudez pura. As mãos entravam em profundos, sentiam a escuridão prazerosa. Pêlos eram poucos ao se comparar com outros mamíferos que conhecemos talvez as arranque com a mesma força que entra, em seu pérfido ser. Suas lamúrias grotescas se tornavam menos febris e doentis, seu prazer em fuder-se os deixavam diferentes. Ela sempre ouvia risos e gritos e então parava, não podia continuar, não podia sentir gozo. Aqueles gritos a apavorava, as risadas a intimidava - O que deve ser tão engraçado?- Gritava sem nenhum som. Travava discursos sobre respeito, dor, amor, tudo endereçado aos “gritos”, eram ensaiados todos os dias, quando acabavam traziam um gosto azedo de impotência e covardia da qual não se livrava tão rápido, eles permaneciam sempre na terceira margem do rio, e nunca atravessariam.
Seu pêlo ralo, negro, grosso, arredio, se arrepiava freneticamente respeitando...Seus ossos se contraiam, em sua pele a presença dos “gritos” era evidente, marcas incuráveis, em seu cheiro se misturava gozo, com perfumes baratos que eram comprados em um descuido de ilusão, mostrava o medo, seu mau-humor que se assemelharia a uma grande e terrível simpatia se fosse comparada ao de uma pessoa descuidada. Levantava-se, depois que tudo tinha sido interrompido, e rindo chorava desesperadamente a morte de sua comodidade, da naturalidade, da ausência, do calor, sua falta de infância de não se dispor, da distração..."Ora vai mulher a quantos você pertencia...". Com seu sorriso rebolava, por entre ruas, postes e esquinas, com seu jeito debochado se insinuava e deixava que a vasculhassem toda, com a característica de não senti nada, se fudia muito melhor que qualquer um, a diversão era notar a diferença, notar o quanto se amava, sentia prazer em ser “auto” em ser só dela... "You don't know meBet you'll never get to know meYou don't know me at allFeel so lonelyThe world is spinning round slowlyThere's nothing you can show meFrom behind the wall...". Está parada, seus olhos fundos mostram a dor uma tinta desbotada onde sai a umidez de sua alma. Seu sofá bem velho era o que tinha em um quarto, a noite, recortes fantasiosos na parede, um banheiro onde sua merda, por falta de água, boiava, e a confundia com seus proprios barquinhos.
Depois de toda lambuzada, parava nua e perseguia sombras antes de sair para perseguir bem menos. A sua rotina era pontuada com eles, “gritos”. Ela sabia, sabia que um dia eles a matariam, então, para não ouvir saia, por dinheiro? Sim também, mas o motivo era mesmo tentar achar um modo de ser superior a eles que a preenchiam de maneira podre, como uma almofada de estrume.
Quando voltava seu leite estava derramado na mesa, e sua toalha cheirava a sangue, comia o que podia, ultimamente só comia depois de comida, e se divertia, sorria cada vez mais com viagens por latrinas desconhecidas. -Eu não agüento mais! Sempre repetia, era o que a mantinha viva, a pena daquela pobre criatura que enfrentava sozinha a porra da vida que lhe jogaram, autolamentado-se,bem mais de uma vez, frente ao espelho, onde podia ver a pobre moça.O respeito! Cadê o respeito? Com “gritos” não existia idéias, com eles era pura imaginação, que alguns chamavam de esperança, coisas naquela situação só poderiam piorar. Negativista! Falava seu guru pessoal, como uma pessoa pode ser tão triste tendo uma vida sem fome, com casa e “emprego”, era impossível para o guru, a vida se resumia em suas misérias, que para ele era a coisa mais importante... Utilizava de todo o tempo que poderia obter para suas épicas tristezas, que para ela era uma bobagem qualquer que seu inteligente guru havia se metido, mas ouvia tudo compenetradamente e depois debochava, porque suas penas eram as maiores, na disputa ela ganhava sua tristeza não podia competir com nenhuma outra. Naquela noite com o aquele primeiro feixe de luz, com mais uma falta de gozo, sentada em seu escuro, ela começou a gritar, o “gritos” assustado chorou até se calar, perder a voz, ficar rouco, morrer. Ela não pode mais suportar gritar, ria chorava e mijava naquele chão imundo, se jogava merda, dançando sua valsa imaginária como madame Bovary . Então sentiu a morte, a falta, se jogou, sua dependência ficou clara, e pela primeira vez morta, pensou em algo que não era o “gritos”.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Brown crimedelicado Bunny

Comecei minha tarde vendo um filme que eu não sabia nem do que se tratava muito menos quem era o diretor, senti uma semelhança em relação a linguagem usada, descobri um filme brasileiro muito bonito, com uma mistura de formas, com um roteiro intenso, diferente, com um ator que me comove. Agora sei o que posso esperar do Beto Brant, um soco no estômago em todos os pseudocineastas brasileiros. Continuei... Sem nenhuma pretensão para o que ainda iria por vir. Apareceu na minha frente em uma telinha no quarto escuro, um filme que só pode ter sido feito dentro de um ataque depressivo, com todos os sintomas, cru, doentio, triste indefinidamente, é tudo que me passa pela cabeça. A confusão de desejos, de dores, segue a rota de um antagonismo entre a ordem e a falta de ordem, que se faz presente na fotografia que apesar de em alguns momentos ser tão meticulosa ser habitual. Os enquadramentos me mostraram a angustia de um homem que esta seguindo por uma rota nostálgica, dolorosa. A única certeza que temos em relação à Bud e que quem o leva para trás e o coelho marrom, mas sabemos que nem mesmo ele sabe ainda o que pode acontecer. A grandiloqüência da cena em que se enquadra o carro e uma pista branca, de sal, me fez sentir toda a emoção que tava guardada, me fez chorar, me mostraram uma dor que veio de não sei aonde, do nada, do horizonte para onde ele vai e some. O carro a estrada, as músicas tudo fez sentido, tudo fez sentido para mim, quando depois de uma 01h28min eu me deitei na cama e fiquei pensando, os rostos, a confusão, tudo, como diria um grande sábio, só podemos entender de verdade tudo por conta daquele final arrebatador. A velocidade em que ele se mostra interessado mostra o medo inicial de estar devagar, de analisar, de seguir por aquela estrada escura, mas a necessidade de mergulhar na toca do coelho marrom e indispensável, precisa de fantasias tristes que vão lhe mostrar a saída, vão lhe dar um pedaço do cogumelo para voltar para realidade. Mostra-me a coragem, do voltar, coragem de morrer para reviver e continuar o ciclo. É “Here comes the Sun” cantando pela Nina Simone, uma passagem comovente não apenas pelos próprios eventos e também pela maneira onírica de Bud encarar, de fotografá-los para conseguir depois ver o álbum de fotos sem medo de memórias. Quem dera que todos conseguissem ao menos tentar.

domingo, 11 de janeiro de 2009

A forma mais bonita de se ver

Depois de ler a primeira edição de lost girls, percebo que na minha,ainda, curta experiência “Allan morrenesca” já posso entender o quanto ele não tem medo de mudar, de falar, de realmente fazer o que quer. Comecei embasbacada com o chute a repressão sexual adquirida desde os primórdios tempos da idade das trevas, esta explosão que me atinge como um tapa utilizando da pintura expressionista que contrasta com o desenho de formas clássicas. Este classicismo interage com os temas ditos “bestiais”, hereges, mundanos. Tudo me faz ver que pode existir a quebra, existindo a aceitação, que soa muito romântica, de dogmas que acredito que são a merda da mente. As verdadeiras fábulas do mundo, o sexo visto da maneira que é, e não da maneira estranha que teimam em nos mostrar. É meio clichê dizer que estamos no século tal que agora as coisas mudaram. Não mudaram! E se não houver esses tapas, nunca vai... Uma ilusão até engraçada desses novos ditos “jovens”, sem me excluir. Fomos contaminados! Precisamos de um sábio guru, de uma bruxa engraçada, da Wendy, da Dorothy e da Alice para começar a nos mostrar a verdade, ou a verdade que precisamos ter. O jogo com espelhos que acontece no inicio, e com o pivô da situação, Alice, deixou claro pra mim a idéia de reflexão do cotidiano, do “a gente”, que só conseguimos ver através de um quadrinho tema adulto, que concordo e defendo ser indispensável. O final... A comprovação da falta de covardes pudores, uma cena de sexo em meio a uma platéia de nobres, que mostram a desaprovação e com isso vem à tona a critica, a vontade de fazer, mostrar, priorizar esta explosão que me deixou eufórica, que faz acontecer à excitação não só pelo sexo puro, e sim por tudo que ele representa lá, e por tudo que sei que ainda não consigo compreender, mas que já foi escancarado e agora e só esperar... Posso, para finalizar, resumir como a sinfonia de Tchaikovsky, a que mais me encanta. Um tom romântico que lembram filmes do Visconti e depois uma quebra como um susto, e o que dá mais prazer e essa coexistência, meu libido existe nessa coexistência e é assim a forma mais bonita de se ver.

domingo, 4 de janeiro de 2009

" A verdade é uma mentira bem contada."

É bem simples diferenciar o niilismo inexistente na pessoa do Allan Moore, com a falta de créditos, esperanças, vontades, desejos, em que vejo dentro do Mutarelli. Depois do tom sutil de Jack Brown ontem me jogam no peito ,com todo o noir possível no mundo, isso. Em uma de minhas conversas memoráveis em um banco de praça, entendi que essa tristeza irônica, intrínseca, que está instalada bem fundo, só era possível para alguém que também sofre dela, com os mesmos sintomas...Não sei se consigo entender tudo que ele quer mostrar, por não saber se tenho a tristeza, mas não me assusto, não me assusto como sei que é bem possível que qualquer um que leia se assuste. A tristeza dele é embalada com uma valsa, com uma canção do nino rotta, é alegre, indecente, nos faz querer senti-la também. E ao mesmo tempo ele é ingênuo, carente, não é um triste intocável...é um ser humano, com todos os seus “ ser humanísticos”. Ele ridiculariza as nossas ditas regras sócias, nos mostra o frio, o pérfido, a dor, não a dor comum, mas aquela lapidada, que só quem a sente e quem a sente a muito, muito tempo. A excentricidade é habitual para ele, faz negocio dela, a troca por dinheiro, incita porque sabe que esta lá. Me choca com o escuro, me faz rir com a vontade de mostrar que é mesmo tudo sem cor, e é assim que vai ser. “...Eu não tenho a pretensão nem ao menos a ilusão de um mundo melhor. Sabe por quê? Porque assim é o mundo, porque essa é a nossa natureza. E é inútil tentar mudar isso. Isso é que é “ecologia”. E aceitar é respeitar a natureza...Eu entro num caso apenas para distrair minha atenção. Para ocupar os meus dias e me sentir útil.Como se isso fosse possível. “projetar uma luz de esperança.” Diomedes. ...Estava o cão em seu lugar, veio o homem lhe fazer mal. O homem no cão, o cão no gato, o gato no rato, o rato na aranha, a aranha na mosca, a mosca na velha, e a velha a fiar...”

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Mesmo que eu não ganhe nada com isso!

Começar é como aclamar o acabado que acabará de acabar...contemplar este fato. Partimos doprincipio que vem a ser um tanto quanto complexo, a brevidade, o teor de excentricidade que existe nela, o quanto discutimo-as e o quanto a valorizamos.
Bom este carater introdutorio existe para discutir sobre oringens? Não! Vem só para declarar aberta, a corrida começou, o ano é novo e para estragar vamos envelhecer mais um pouco a cada mês...e depois vamos gritar para o proximo...ano proximo novo. Este para mim, já velho, ultrapassado, corroído, inutil...FELIZ ANO QUE VEM NOVO! Hoje acabei de ler o ultimo livro da coleção do watchman...Não podemos ser o dr manhatam,mas ele é um de nós. Nunca vamos ser oRorschach mas estamos dentrodele .Tudo em volta se comunica, sentimos o que nós comunica pensamos nisto e estamos dentro de todos e todos estão dentro de nós... Allan mooore, que se mostra tão completo, cheio de teorias sobre a vida, sobre o ego, sobre a origem, mas sem ser de todo piegas, nos vem falar de um personagem nilista, completamente ser HUMANO que esta no meio do caos, que nunca vai se tornar um heroi, que nunca vai ser deus, ele mostra em rorschach o outro ele, o outro allan moore, o allan psicografado, o que tinha tudo para ser ele, mas na verdade não o é por inteiro, nem ele nem o V, personagens desacreditados, com ideais que nem mesmo eles acrediatam. E por conta dessa confusão que nos aproxima tanto da realidade. "Uma comédia de valores" retratando em um quadrinho de super herois coisas cotidianas, sem a beleza, sem o afresco renascentista de uma obra de arte pós concluida, sem o endeuzamento! Ele é pragmático, possivel, palpavél. Conseguimos a comunicação, ela nos pertence estamos lá...estamos lá na carência do cara que vende jornal, estamos lá na briga de egos de um casal como acontece entre o psicologo e a mulher dele, estamos lá na confusão quase adolescente do rapaz que lê o quadrinho de piratas, estamos lá no desejo de sexo entre laurie e dan... Sim estamos lá! é isso...prazer meu nome é bruce, para os mais proximos luah sampaio!