terça-feira, 22 de setembro de 2009

um monte de besteira.

E ouvindo um samba... Aquela anciosidade foi deixada de lado, ou não, ainda não sabia ao certo. Suas costas pareciam de elefante e como no filme era abandonado em um quarto como um doente terminal. Seus olhos lacrimejavam toda vez que escutava uma melodia “Angelical” como dizia com seu ar brega chique vestido de terninho com uma pasta colorida de layout inovador. Sua mente parava quando sentia muito calor, e então no meio da avenida se despia e saia desfilando, digno de Kate Moss com pêlos. Ele amanhecia e ainda com remela verde nos olhos, pulava da janela do quarto andar em cima de uma nuvem velha e esburacada que o levava em um mundo de luz e sombra e ele percebia que era o único lugar que conseguia espreguiçar as pernas, estava perdido, e sabia que aquele outro lugar tinha diminuído de tamanho e com sua grande cabeça e ombros largos não conseguia mais entrar, sentia frio longe da nuvem. Uma infusão de idéias e ervas lhe ocorria em alguns momentos, parecia que tinha tomado uma coisa tão forte que só conseguia se balançar e balançar, seus neurônios estavam explodindo, não queria esquecer mais já estava tão longe, e então suas pernas paralisadas iam sempre pro lado contrario, uma rua com uma grande parede no final, que nem com todos seus poderes místicos, era possível atravessar, nem se transformando em camaleão. “Talvez pelo um buraquinho, invadiu-me a casa, acordou-me na cama, tomou meu coração e sentou na minha mão...”. Estava em um carro com olhos fechados, muito vento passava e entrava nas suas orelhas internas, fazendo um barulinho esquisito que o fazia voltar praquela cena, naquele dia, mas era apenas espectador e se frustrava, queria mudar as linhas escritas do dia anterior, queria colorir mais aquela cena em preto e branco, queria tanta coisa o coitado. Ele gritava: ”A terra esta tão longe vamos fazer amor, vamos nos comer em cima da arvore, quero gozar na tua cara, quero sentir teu suor, e escorregar de algum lugar bem alto.” Mas, na verdade ele não falou, seu puritanismo fedia de um jeito estranho, fedia a ovo com coco, e acordava de tudo completamente assustado, dançando um bregoso em Icoaraci com uma mulata linda e bunduda que também era bondosa e o fazia chorar lambendo seus peitos e na sua meninice ele aceitava tudo de uma vez... Seu ar confuso barroco o perseguia e culpava sei lá quem, aos reis, ao inferno, ao papa... E acabava com tudo com sua cordinha pelo pescoço clichê.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Essa papo já tá qualquer coisa...

Ontem com sentimento de desconforto, utilizei de coisas para desanuviar e ficar com minha consciência um pouco diferente do normal... Senti necessidade de futilidades e toda feliz tomando banho, ainda pensando naquela música, fui achando uma saída. Vou ler aquela revista qualquer dessas que chega aqui em casa em domingos quentes as quais nunca me interessaram muito... Deitei na cama cantando com minha mãe uma canção que dizia:... “Virá que eu vi...” e fui me deitando no ritmo estranho que ela entra em mim, era como se eu tivesse em outra dimensão, uma viagem que envolvia putas e anões que se misturavam numa dança meio tântrica. Pensei que estava em um feudo medieval. Conhecia um jogador de basquete, meio fora de moda que tinha diminuído de tamanho de maneira impressionante e que não conseguia alcançar a prateleira de pratos... Ele dançava ska engraçado e tinha medo de aranhas e de escuro, era meio chocolate e sua casa era de palha como naquele joguinho de computador, cortava lenha e fazia poesias abstratas e pós- contemporâneas. Naquele feudo, também, de dentro da minha cabeça existia uma mulher que cantava como a Nina Simone e dançava como uma dama européia vinda da monarquia absolutista, uma divina dama francesa, suja com roupas rasgadas e que tocava flauta doce pra se distrair. Ela tinha uma canoinha onde levava amigos passando de vala em vala tocando tudo pra todos, tinha um senso de humor fantástico, conseguia enganar até o gato da Alice com suas peripécias, mas ela era a paixão, ela permanecia na cabeça do anão como se fosse chiclete. Aparecia nos seus sonhos como se fosse uma gata jazzista que estava sentada,com um vestido cortado na perna, em um piano, cantado:” I say hell. Man, woman were created; Hell!To live for eternity;Hell! With an apple they ate from the tree of hate;So you know darn well;That they went to hell…”. Ela sabia, cantava na frente de sua casa, porque ele dava as melhores gorjetas, mas não se empenhava em sentir o mesmo, zombava... Pensava que ele nunca conseguiria a satisfazer e também existia tanto negocio e tanto negociante que ela não deveria perder tempo com um reles anão jogador de basquete. Ela preferia capoeira, ela não queria se acomodar queria ir pra lua, queria fuder na linha do equador queria ser vassala, queria fazer cantigas trovadorescas, queria vir para o futuro, e na minha mente eles dois pulsavam... Então comecei a ler a revista dita no começo desse infortúnio texto, e tinha um monte de besteiras:” Compre sapatos blábláblá”;”Cartão tal com benefícios tal...”;”Você quer emagrecer, então... “AAAAAAAAAAAAAAAAAA. Voltei de novo a minha mente e comecei a ouvir um “quaaaa quaaa quaaa” aqueles efeitos de música, tipo um pato... E as coisas foram voltando de novo de dentro de uma nuvem escura e de repente eles estavam dançando na praça principal da aldeia medieval da minha cabeça. Eles dançavam um musica calminha, meio de ninar e ela dizia:” Vamos morrer.”; ele dizia:”Que bom.”. E repetiam, repetiam, repetiam... As coisas na minha cabeça começaram a girar a girar a girar, me segurei na primeira arvore que encontrei, aquela arvore que tinha galhos saindo da minha cabeça e de cima dela como escorregabunda cai bem em cima daquilo tudo de novo. Eles me puxaram pra roda, dançamos a noite toda e dormi sonhando com o anão e a puta, sonhando com um ménage em uma praia, consegui entender tudo depois da primeira xícara de café e então senti saudades...

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

a tragédia judaica!

“O Processo” obra de kafka, convertida em cinema por ninguém menos que Orson Welles. Obra prima, obra prima obra primaaaaaaaa... A claustrofobia angustiante se misturando com a megalomania de Welles, como se te levassem em uma carruagem surrealista feita de luz e sombra,com incríveis travellings,planos e contra planos assustadores, o motorista, como em a dama de Xangai, é o próprio Orson,e só consegues achar tudo fantástico. A profundidade e a crueldade que se descreve coisas improváveis mostra o simbolismo alegórico bem característico de Kafka, não se perdendo nada na adaptação com a utilização da fotografia impressionantemente obscura. Pode ser uma grande audácia, mas que se não tivesse existido eu e nenhum de nós meros mortais teria visto a obra máxima de Orson Welles, posso me contrariar depois, mas, nesse momento é só o que consigo pensar. Os supercloses me lembraram demais Dreyer trazendo a tristeza intimista pra lugares dentro de ti onde tu não enxergas. A incrível critica ao nosso antigo carma de ratos de laboratório, de experiência cientificas jurídicas, românticas, nos vemos em salões como aqueles. Perdemos-nos em labirintos sócias e civis, e no final a conclusão é que estamos sem sombra de duvidas todos na casa verde, como algumas vezes eu já comentei aqui, e o mais incrível que o real, o não surreal, é mais absurdo e mais amedrontador.