domingo, 4 de janeiro de 2009

" A verdade é uma mentira bem contada."

É bem simples diferenciar o niilismo inexistente na pessoa do Allan Moore, com a falta de créditos, esperanças, vontades, desejos, em que vejo dentro do Mutarelli. Depois do tom sutil de Jack Brown ontem me jogam no peito ,com todo o noir possível no mundo, isso. Em uma de minhas conversas memoráveis em um banco de praça, entendi que essa tristeza irônica, intrínseca, que está instalada bem fundo, só era possível para alguém que também sofre dela, com os mesmos sintomas...Não sei se consigo entender tudo que ele quer mostrar, por não saber se tenho a tristeza, mas não me assusto, não me assusto como sei que é bem possível que qualquer um que leia se assuste. A tristeza dele é embalada com uma valsa, com uma canção do nino rotta, é alegre, indecente, nos faz querer senti-la também. E ao mesmo tempo ele é ingênuo, carente, não é um triste intocável...é um ser humano, com todos os seus “ ser humanísticos”. Ele ridiculariza as nossas ditas regras sócias, nos mostra o frio, o pérfido, a dor, não a dor comum, mas aquela lapidada, que só quem a sente e quem a sente a muito, muito tempo. A excentricidade é habitual para ele, faz negocio dela, a troca por dinheiro, incita porque sabe que esta lá. Me choca com o escuro, me faz rir com a vontade de mostrar que é mesmo tudo sem cor, e é assim que vai ser. “...Eu não tenho a pretensão nem ao menos a ilusão de um mundo melhor. Sabe por quê? Porque assim é o mundo, porque essa é a nossa natureza. E é inútil tentar mudar isso. Isso é que é “ecologia”. E aceitar é respeitar a natureza...Eu entro num caso apenas para distrair minha atenção. Para ocupar os meus dias e me sentir útil.Como se isso fosse possível. “projetar uma luz de esperança.” Diomedes. ...Estava o cão em seu lugar, veio o homem lhe fazer mal. O homem no cão, o cão no gato, o gato no rato, o rato na aranha, a aranha na mosca, a mosca na velha, e a velha a fiar...”