quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Brown crimedelicado Bunny

Comecei minha tarde vendo um filme que eu não sabia nem do que se tratava muito menos quem era o diretor, senti uma semelhança em relação a linguagem usada, descobri um filme brasileiro muito bonito, com uma mistura de formas, com um roteiro intenso, diferente, com um ator que me comove. Agora sei o que posso esperar do Beto Brant, um soco no estômago em todos os pseudocineastas brasileiros. Continuei... Sem nenhuma pretensão para o que ainda iria por vir. Apareceu na minha frente em uma telinha no quarto escuro, um filme que só pode ter sido feito dentro de um ataque depressivo, com todos os sintomas, cru, doentio, triste indefinidamente, é tudo que me passa pela cabeça. A confusão de desejos, de dores, segue a rota de um antagonismo entre a ordem e a falta de ordem, que se faz presente na fotografia que apesar de em alguns momentos ser tão meticulosa ser habitual. Os enquadramentos me mostraram a angustia de um homem que esta seguindo por uma rota nostálgica, dolorosa. A única certeza que temos em relação à Bud e que quem o leva para trás e o coelho marrom, mas sabemos que nem mesmo ele sabe ainda o que pode acontecer. A grandiloqüência da cena em que se enquadra o carro e uma pista branca, de sal, me fez sentir toda a emoção que tava guardada, me fez chorar, me mostraram uma dor que veio de não sei aonde, do nada, do horizonte para onde ele vai e some. O carro a estrada, as músicas tudo fez sentido, tudo fez sentido para mim, quando depois de uma 01h28min eu me deitei na cama e fiquei pensando, os rostos, a confusão, tudo, como diria um grande sábio, só podemos entender de verdade tudo por conta daquele final arrebatador. A velocidade em que ele se mostra interessado mostra o medo inicial de estar devagar, de analisar, de seguir por aquela estrada escura, mas a necessidade de mergulhar na toca do coelho marrom e indispensável, precisa de fantasias tristes que vão lhe mostrar a saída, vão lhe dar um pedaço do cogumelo para voltar para realidade. Mostra-me a coragem, do voltar, coragem de morrer para reviver e continuar o ciclo. É “Here comes the Sun” cantando pela Nina Simone, uma passagem comovente não apenas pelos próprios eventos e também pela maneira onírica de Bud encarar, de fotografá-los para conseguir depois ver o álbum de fotos sem medo de memórias. Quem dera que todos conseguissem ao menos tentar.

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